A fabricante Goodyear está lançando aqui no Brasil um novo tipo de pneu para veículos utilitários – picapes e SUVs que, em lugar de derivados de petróleo, é produzido com um composto a base de óleo de soja. Uma mudança que tem um valor especialmente positivo em se tratando de pneus, que durante muito tempo foram um tremendo abacaxi ambiental, tanto por utilizarem matérias-primas não renováveis em sua fabricação, quanto pela forma descuidada com que eram descartados depois de usados.
O descarte de pneus usados, aliás, foi por muito tempo um dos efeitos colaterais mais sérios e visíveis do chamado “século do automóvel”, em praticamente todo o mundo, pois podem levar séculos para se decompor naturalmente. Aqui mesmo no Brasil, a gente costumava – e, ainda costuma, um pouco – conviver com esses componentes abandonados pela paisagem, jogados em terrenos baldios e, tristemente, sendo até coadjuvantes na propagação de doenças, como a dengue, por funcionarem como verdadeiros berçários de mosquitos.
Hoje, a responsabilidade legal por dar um destino correto a esses produtos depois de sua vida útil é compartilhado entre fabricantes e comerciantes e, felizmente, já há uma série de formas de reaproveitar ou reciclar os pneus velhos – como mostramos recentemente neste post aqui mesmo em nosso blog.
Agora, com a utilização de matéria-prima renovável em sua linha de produção, a indústria de pneus dá mais um passo importantíssimo em direção à sustentabilidade. Para começar, o próprio ciclo de produção da soja acarreta muito menos emissões de CO2 que o da extração e refino do petróleo. Além disso, como o Brasil é o maior produtor de soja do mundo, a indústria tem aqui uma senhora vantagem estratégica, tanto em termos de garantia de suprimento, quanto de custos – especialmente em períodos como o que vivemos hoje, com os preços internacionais em alta acentuada.
Sobre o novo pneu da Goodyear, ele se chama O Wrangler Workhorse AT, inaugura o uso desse tipo de composto sustentável na América Latina e, de acordo com o fabricante, “proporciona um ganho de performance em relação ao seu antecessor, o Wrangler Amortrac, durando até 20% mais”. Se esse tipo de vantagem só pode ser comprovado com o uso ou em laboratórios de testes, o ganho ambiental é automático e bem fácil de entender. Tomara que se torne o padrão para todos os fabricantes e modelos.