“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Este é o enunciado da famosa “Lei de Lavoisier”, postulada em 1785 pelo químico francês que lhe dá nome e que explica que, quando reagem entre si, os elementos químicos não são extintos, mas sim se “rearrumam” para formarem outras substâncias. Lembramos dessa frase tão conhecida e dos próprios processos da natureza quando começamos a preparar o texto deste post. Embora ela não explique exatamente o que é a economia circular, de certa forma tem tudo a ver com a filosofia básica desse conceito, como veremos a seguir.

Tradicionalmente – pelo menos desde o início da chamada Revolução Industrial, que começou na segunda metade do Século XVIII –, a economia vinha funcionando em um ciclo linear. Ou seja, tudo o que se produz tem uma trajetória com começo, meio e fim, o que significa que depois de sua vida útil, um determinado produto perde utilidade e valor e precisa ser descartado, sendo substituídos por produtos são fabricados a partir “do zero” – o que inclui matérias-primas novas ou virgens.

Como sabemos, uma parte considerável das principais matérias-primas que utilizamos hoje – como minérios e derivados de petróleo, por exemplo – vem de fontes não renováveis, que implicam em operações de extração com impacto no meio ambiente e que, um dia, vão se esgotar. E mesmo quando se utiliza insumos renováveis, na maioria das vezes, descartar esses produtos contribui para piorar um dos maiores problemas ambientais de nosso tempo: a poluição gerada por lixo de todos os tipos.

Já a economia circular tem como princípios a redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e de energia, como estratégia para manter o crescimento econômico de forma sustentável. Algo como usar a tal “Lei de Lavoisier” a nosso favor. Para isso, associa o desenvolvimento econômico a novos modelos de negócios, que proporcionam uma melhor utilização dos recursos naturais – com a diminuição da extração desses recursos – e com menor uso de matérias-primas novas. Além disso, há um grande investimento no aumento da eficiência, com processos otimizados, de menor impacto e melhores resultados. A ideia, também, é dar prioridade ao que é durável, reciclável e renovável, e não mais a produtos com obsolescência programada (ou seja, prazo para deixar de ser útil) e que gerem lixo.

Não por acaso, o conceito de economia circular passou a ganhar maior destaque justamente a partir do momento em que a sociedade começou a se mobilizar por conta das mudanças climáticas e de eventos emblemáticos como o Acordo de Paris, dando suporte às ações dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. E, com ela, está surgindo toda uma nova forma inteligente de se pensar, projetar, fabricar e vender os produtos, para que possamos recuperar os recursos naturais do planeta, discutindo e mudando nossa relação com ele, além de tornar toda a cadeia econômica mais comprometida com a própria sociedade, sua qualidade de vida e suas perspectivas para um futuro melhor.

Fontes:
Economia circular: entenda o que é, suas características e benefícios
O que é a economia circular?
5 oportunidades geradas por uma economia circular
The Circular Economy Action Agenda