No céu, empurrado pelo Sol
9 jun, 2022
OXMA

Você sabia que um avião movido exclusivamente por energia solar já deu a volta ao mundo? Pois essa incrível combinação de aventura com marco tecnológico aconteceu entre 2015 e 2016, tendo como personagens principais os pilotos Bertrand Piccard, André Borschberg e o Solar Impulse 2, sua aeronave que, equipada com motores elétricos, não utilizou nenhuma gota de combustível para completar os quase 43 mil km das 17 etapas percorridas ao redor do globo. Somados todos os trechos, foram pouco mais de 500 horas voando!

O voo não foi feito só de “uma tacada”. Durante o percurso, o avião teve de permanecer pousado por prazos variáveis (de dias a meses), por conta de condições climáticas, questões técnicas e de manutenção e motivos desse tipo. Além disso, o avião funcionava como um verdadeiro laboratório – literalmente – a céu aberto, coletando informações e sofrendo ajustes o tempo todo. A bordo, viajava apenas o piloto “da vez”. Isso porque, como cada etapa era bem longa, Bertrand e André se revezaram pelo mundo a fora – o “reserva” seguia com o restante da equipe, em meios de transporte tradicionais. Para se ter uma ideia, somente entre o Cairo, no Egito, e Abu Dhabi, ponto de partida e de chegada da expedição, o voo durou 44 horas.

O Solar Impulse 2 foi construído por iniciativa da Escola Politécnica Federal de Lausane, Suíça, com o apoio de um pool de empresas privadas, que entraram com recursos financeiros e apoio técnico. Ele tem 22,4 metros de comprimento, 6,40 metros de altura e 72 metros de envergadura – que é a distância de uma ponta da asa a outra. Para que você possa comparar, essa é a mesma envergadura de um Boeing 747, o popular – e grandalhão – Jumbo.

O avião é movido por quatro motores elétricos alimentados por baterias de íons de lítio, que por sua vez são recarregadas por 17.248 células fotovoltaicas, instaladas sobre seus quase 270 m² de “área alar” – ou seja, de superfície das asas e, também, de parte da fuselagem. Sua velocidade máxima é de 140 km/h, mas, em cruzeiro, ele voa a 90 km/h. E pode chegar até os 12 mil metros de altitude – mas voa normalmente perto dos 8 mil metros. Por conta das baterias, ele é capaz de voar à noite, por algum tempo.

É claro que, se compararmos todos esses dados de desempenho com os de um avião de carreira comum, o Impulse 2 não chega nem perto. Mas seu grande feito não está na pressa, e sim nas tecnologias que ele utiliza e, principalmente, no “zero” de emissões que gera em seu deslocamento. Além disso, em termos de eficiência, seus motores elétricos ganham de goleada das turbinas a jato, transformando em movimento até 97% da energia que consomem – contra menos de 30% dos movidos a querosene (o padrão da aviação).

Tudo isso aponta para um futuro em que esse tipo de aeronave, com o devido desenvolvimento tecnológico, possa se transformar num meio de transporte viável e sustentável. Afinal, não custa lembrar que o 14 Bis criado por Santos Dumont voou uma distância de apenas 60 metros, a dois metros de altitude, mas foi o primeiro avião a decolar e pousar com meios próprios (sem catapultas) e abriu caminho para que chegássemos aos aviões que conhecemos hoje.

Assista a um pequeno documentário sobre o Solar Impulse 2 neste link: https://youtu.be/dnhL8fiTYoY

Fontes:
Solar Impulse: o avião movido à energia solar
Solar Impulse
Impulse II encerra viagem e é 1º avião a cruzar o mundo com energia solar
Primeiro voo há 115 anos: Santos Dumont aliou invenções à ciência

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