Soja: o que você sabe sobre ela?

A soja é base para uma série de produtos, tem cotação internacional e, não por acaso, influencia os custos de vários setores do mercado, tendo impacto direto e indireto nos nossos bolsos. Neste post, vamos explicar como – e porque – isso acontece.

Quando pensam em soja, a maioria dos brasileiros se lembra do óleo de cozinha – algo natural, pois é o uso diário desse ingrediente o principal “contato direto” que quase todos nós temos com essa leguminosa, “parente”, entre tantos, do feijão, da ervilha e do amendoim. Mas, sem nem sequer sair de perto do fogão, podemos encontrar outros produtos direta ou indiretamente ligados a ela. Exemplos? A carne de vaca, porco e galinha (e os ovos), que vêm de criações de animais que quase sempre têm o farelo de soja como integrante de suas dietas. Isso para não falar de uma infinidade de alimentos processados, de praticamente todos os tipos, que levam subprodutos, desse vegetal, como a lecitina.

Mas a importância estratégica dessa commodity – modo como os economistas tratam produtos primários produzidos em larga escala e com cotação internacional – vai além da indústria alimentícia. Ela é empregada em bioquímica e entra na composição de produtos de beleza, tintas, espumas e muito mais. E, hoje, seu óleo é a principal matéria-prima para a produção do biodiesel, combustível renovável e que aqui no Brasil, por lei, deve ser acrescentado ao diesel derivado de petróleo usado nos motores de caminhões, ônibus, locomotivas e outras máquinas – entre elas, geradores de eletricidade.

Por ter tantos e tão importantes usos, a soja é um dos produtos mais comercializados no mundo e, sorte nossa, o Brasil é hoje o seu maior produtor mundial, com 135,409 milhões de toneladas em 2021, colhidos em 38,502 milhões de hectares de área plantada. Isso, no entanto, não garante que esse grão fundamental tenha sempre um custo baixo por aqui. Como todo produto agropecuário, a soja está sujeita às condições climáticas. E, por ter cotação internacional, seu preço oscila de acordo com a velha lei da oferta e da procura, globalmente.

Preços em alta

Nestes últimos anos, a procura pela soja no mundo tem sido maior do que sua oferta. Como os estoques internacionais, usados para compensar a falta do produto, estão particularmente baixos, o preço do grão vem subindo bastante: dos R$102,30 cobrados por cada saca de 60 kg, em dezembro de 2021 passou-se a R$ 161,67. Para complicar, houve também uma redução na produção do principal “rival” global do óleo de soja na indústria: o óleo de palma.

Com a grave crise hídrica que atravessamos aqui no Brasil hoje, as perspectivas de crescimento na produção não são das mais animadoras. Além disso, com o preço do petróleo e do dólar em alta, gasta-se muito mais para colher, processar e transportar qualquer produto, o que tem impacto direto em seu custo final.

Você provavelmente já deve ter percebido o reflexo mais visível disso em sua vida na prateleira do mercado: o óleo de soja que usamos na cozinha, cuja embalagem de 900ml saía por cerca de R$ 3,90, em maio de 2020, passou para R$ 7,60 em maio de 2021 e, neste março de 2022, anda próximo dos R$ 9,50, em média (!). E se subiu na sua casa, o óleo também aumentou muito para as usinas de biodiesel. Como são grandes compradores do produto, pois dependem dele para funcionarem, elas acabam contribuindo para alimentar ainda mais sua valorização.

O problema é tão complicado que, pela primeira vez, o governo decidiu diminuir a proporção obrigatória de biodiesel que deve entrar no diesel vendido nos postos brasileiros. O percentual, que já estava em 13% em meados de 2021, baixou para 10% ao longo de 2022, como forma de tentar segurar – ou, pelo menos, não aquecer ainda mais – o preço do óleo de soja. Para os especialistas, porém, a tendência é que, pelo menos durante este ano e o próximo, a soja, e por tabela, todos os produtos que a utilizam como matéria-prima, se mantenham tendo grande procura internacionalmente e, assim, com seus preços em alta.

Mais um motivo para procuramos usar esses recursos da forma mais responsável, eficiente e sustentável possível. E reciclar o óleo de cozinha usado, que depois será usado na produção de biodiesel, é uma delas. Saiba como fazer isso da melhor maneira aqui em nosso site.

Alguns números da soja em 2021:

13% do total de todas exportações brasileiras
2º produto mais exportado pelo país (o primeiro foi o minério de ferro e seus concentrados).
70,1% de tudo o que foi exportado pelo agropecuário (é o produto agrícola mais embarcado para o exterior)
86,628 milhões de toneladas de soja em grão vendidas para o exterior (5,2% a mais que em 2020)

Curiosidades sobre a soja

De cada grão de soja, apenas 20% são transformados em óleo
O óleo é extraído do grão triturado, por compressão ou da adição de solvente (que é separado depois)
A soja é uma planta originária da China
Adulta a planta da soja por chegar a até dois metros de altura
A planta dá flores, que podem ser roxas ou brancas
A soja gosta de calor: a melhor temperatura para que se desenvolva é em torno dos 30°C.

Fontes:

O processamento industrial do óleo vegetal e do farelo
Objetos de aprendizagem – Óleo
Entenda alta dos preços do óleo de soja e o que esperar nos próximos meses
Cotações da Soja
Preço do óleo de soja dobrou e deve continuar alto em 2021
Valor de revenda da soja registra recorde histórico no Brasil em 2022
Exportação de soja em grão do Brasil cresce 5,2% em 2021, diz Anec
ComexVis
Quem é o maior produtor de soja do mundo?
A Soja