Carro a hidrogênio ou bateria, qual roda mais limpo?
27 nov, 2021
OXMA

Embora precise basicamente de energia elétrica para mover seu motor, o carro elétrico pode ser alimentado de algumas maneiras diferentes. Neste post, vamos falar sobre duas delas, as baterias de íons de lítio – que são as mais usadas atualmente –, e as chamadas células de hidrogênio. Cada uma delas tem suas vantagens e desvantagens, mas ambas permitem que o veículo rode sem emitir nenhum gás poluente.

Vamos começar pelas baterias

Você sabia que já havia carros elétricos alimentados por elas no começo do século passado? Especialmente nos EUA, nos anos 1900 e 1910, modelos assim eram comuns no mercado, e chegaram a representar perto de 30% da frota em circulação em cidades como Nova Yorque. Eles eram capazes de rodar, em média, até 100 km com uma carga, o que era mais do que suficiente para o uso urbano diário e, na verdade, nem era muito menos do que os movidos a gasolina ou a vapor (que também eram comuns) tinham de autonomia.

Eles só não se tornaram o padrão para a indústria porque, naquela época, a eletricidade para recarregá-los não estava disponível em qualquer lugar ainda e, por outro lado, o petróleo era abundante e barato. Além disso, instalar postos de gasolina nas estradas foi rápido e ajudou os americanos a adotarem os carros desse tipo mais facilmente.

As baterias usadas nos carros elétricos de hoje são diferentes daquelas – que eram pesadas e tinham chumbo em sua composição. Fabricadas com uma combinação de materiais que inclui o Lítio combinado com outros minerais, elas são mais leves e capazes de armazenar uma quantidade bem maior de energia – hoje, já há veículos assim, que trazem um conjunto delas, com autonomia superior aos 700 km.

E agora, o hidrogênio

No caso dos veículos com células de hidrogênio, em lugar das baterias há um sistema que, através de uma reação química, usa esse gás para gerar a eletricidade que vai movimentar o motor. Na prática, com um automóvel desse tipo – e já há alguns modelos à venda e assim circulando nos EUA e no Japão – a rotina é mais parecida com a dos carros com motor a combustão. Isso porque, para abastecer, você para em um posto e, literalmente, enche o tanque com o gás, de modo semelhante ao que fazemos com os movidos a gás natural, o GNV, aqui no Brasil. Pelo cano de descarga, esses modelos expelem apenas puro vapor de água.

Agora, vamos as desvantagens:

No caso dos carros a bateria, além de seu custo, do peso e do espaço que elas ocupam, o tempo para recarregar totalmente – dependendo do equipamento usado e do modelo – pode variar entre duas e 12 horas. Além disso, a cadeia de produção das baterias – na qual entra a mineração do lítio e dos demais elementos – produz impacto ambiental e seu descarte, depois que elas perdem a eficiência (algo entre sete e dez anos) ainda não é sustentável. Tudo isso tende, claro, a ser resolvido e já há uma série de pesquisas e projetos com esse objetivo. As baterias usadas, por exemplo, ganham uma sobrevida servindo para guarda a energia gerada por placas solares nas casas, por exemplo.

No caso do hidrogênio, montar uma rede de postos de abastecimento que forneça esse gás é fundamental para que os carros possam circular e envolve grandes investimentos. Além disso, para obter o hidrogênio, é preciso usar uma grande quantidade de energia elétrica, em um processo chamado eletrólise (você deve ter ouvido falar sobre isso na aula de ciências, na escola).

Em ambos os casos, atualmente, a energia usada – tanto para a carga das baterias, quanto para “fazer” o hidrogênio – nem sempre tem origem limpa. Segundo levantamento da FGV Energia, em 2020, 53% da energia gerada no mundo tinha como origem sistemas alimentados por petróleo, carvão e gás. E, mesmo aqui no Brasil, em que a matriz energética (o conjunto de todas as fontes de geração de um país) seja principalmente renovável, em períodos de escassez hídrica como o que vivemos agora, boa parte de nossas lâmpadas são acesas graças ao uso de usinas termelétricas, alimentadas por combustíveis fósseis.

Esse panorama, felizmente, está mudando, mas o processo não é tão rápido quando gostaríamos, e até que as fontes renováveis – como a solar e a eólica – sejam dominantes, ainda que usemos veículos que não emitam qualquer tipo de poluente, cada quilômetro percorrido poderá corresponder a uma pegada de carbono.

Reciclagem de baterias
https://www.institutodeengenharia.org.br/site/2021/07/05/reciclagem-de-baterias-deve-tornar-carros-eletricos-mais-sustentaveis/

Matriz energética mundial:
https://fgvenergia.fgv.br/dados-matriz-energetica

Sobre baterias:
https://projetocolabora.com.br/ods12/sustentaveis-pero-no-mucho/

Sobre carros com células de hidrogênio:
https://projetocolabora.com.br/ods7/acelerando-limpo/

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