Você sabe o que é ESG?

Comecemos logo pelo significado: a sigla ESG vem do inglês “Environmental, Social and Corporate Governance”, que podemos traduzir como Ambiental, Social e Governança empresarial. Agrupadas nessas letras, as palavras e a expressão representam três princípios – ou pilares, como costumam chamar em apresentações de planejamento estratégico – em que uma organização deve se basear para que possa atuar de forma realmente sustentável.

E, para isso, trazem com eles um conjunto de parâmetros, de modos de agir, que uma empresa deve adotar para que isso aconteça. Ou seja, para minimizar os impactos que provoca no meio ambiente, se relacionar de forma responsável com todos os seus públicos (ou stakeholders, no jargão) e ter práticas administrativas éticas e transparentes.

As origens e a adesão

Em 2004, o então secretário geral da ONU, Kofi Annan conclamou as instituições financeiras que incluíssem critérios ambientais, sociais e de governança quando fossem analisar em que empresas iriam fazer – e indicar – investimentos. A sigla foi usada pela primeira no relatório “Who cares wins” (“Quem se importa, vence”, em tradução direta), da própria ONU em parceria com grandes bancos e fundos globais. E, a partir da definição dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS, em 2015, ganhou mais destaque no mundo. Isso porque, entre esses objetivos, há itens como “consumo e produção sustentáveis”, “trabalho decente e crescimento econômico” e “igualdade de gênero”. Questões que estão direta e indiretamente relacionadas à gestão e atuação das empresas e organizações.

Como quase todas as grandes mudanças na mentalidade da sociedade, a assimilação desses princípios não foi imediata. Embora o termo “responsabilidade sócio ambiental” tenha passado a fazer parte dos discursos da maioria das empresas, motivando ações e programas em diversos campos, algumas vezes ele era usado apenas como (mais) um recurso de marketing. Tanto que motivou a criação de (mais) um termo empresarial em inglês: “greenwash”, ou “banho verde”, indicando o uso de discurso responsável como simples forma de maquiagem para o mesmo modo de agir de sempre.

De alguns anos para cá, no entanto, o ESG passou a ser levado a sério pelas maiores empresas. Em parte, porque a própria sociedade passou a cobrar delas essa postura. E, em grande parte, é preciso reconhecer, devido ao posicionamento de grandes investidores em relação ao assunto. Tal qual havia pedido o secretário Annan, da ONU, organizações como o gestor de fundos BlackRock – um dos maiores do mundo, com o equivalente a mais de R$ 45 trilhões em sua carteira de gestão de ativos – passaram a usar os indicadores ambientais, sociais e de governança para avaliar e indicar ou não empresas para seus investidores.

Segundo um relatório elaborado pela respeitada consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), até 2025, 57% dos recursos dos fundos mútuos de investimento europeus estarão investidos em opções que tenham os critérios de ESG em suas avaliações. Na prática, esse tipo de postura já começa a ter um impacto considerável no mercado de ações e, também, nos fluxos globais de investimento. Resumindo, empresas que estão comprometidas com os princípios do ESG – e são capazes de provar isso com indicadores confiáveis – já são mais valorizadas pelos investidores.

E também começam a ser preferidas pelos consumidores: uma outra pesquisa realizada pela mesma PwC revelou que 77% dos investidores institucionais vão deixar de comprar produtos que não venham de empresas com ESG já a partir dos próximos dois anos. Um bom caminho, e sem volta.

Os ingredientes do cardápio ESG:

Ambientais:
São as práticas relacionadas com o meio ambiente, aos impactos que suas atividades provocam – como a gestão de resíduos em uma indústria, ou a reciclagem de material descartado ou mesmo o consumo água e de energia – e, também, seu posicionamento em relação a questões como o desmatamento, a poluição e as mudanças climáticas, por exemplo.

Sociais:
Aqui entra o modo como a empresa lida com todas as pessoas com que se relaciona, como colaboradores, fornecedores, clientes e a comunidade em que ela está inserida. Envolve questões que vão do respeito às leis trabalhistas à garantia da igualdade e diversidade em sua equipe; da proteção de dados de clientes e fornecedores ao relacionamento com os vizinhos de suas instalações, aos investimentos em capacitação e melhoria da qualidade de vida que faz etc.

Governança
É o modo como é feita a administração da empresa, sua ética e boas práticas em relação à remuneração, taxas e impostos, iniciativas para combater a corrupção e outros desvios, auditorias, relação com seus investidores e transparência como um todo.

Fontes:
Entenda o significado da sigla ESG
ESG: entenda o conceito que está em alta no meio corporativo
Entenda o que é ESG e por que a sigla virou febre no mundo dos negócios
O que é ESG e porque é importante para as empresas