Quando o lixo vai para o esgoto, o meio ambiente é que entra pelo cano
Nem todo mundo se dá conta disso, mas um dos grandes problemas das maiores cidades brasileiras, hoje é, o descarte inadequado de resíduos na rede de esgotos. São coisas como embalagens, plásticos, fraldas descartáveis, pontas de cigarro e restos de comida, que causam entupimentos, facilitam a proliferação de insetos, ratos e doenças, prejudicam o funcionamento das estações de tratamento e podem até provocar enchentes. Isso sem falar dos danos ao meio ambiente.
Entre esses resíduos, o óleo de cozinha usado, é dos mais comuns – e, também, dos mais danosos. Isso porque, como é líquido, muita gente acha “natural” que seja despejado no ralo ou no vaso sanitário de casa, o que prejudica o funcionamento dos serviços sanitários provoca danos ambientais. Para se ter uma ideia do tamanho da encrenca, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais – Abiove, dos três bilhões de litros de óleo consumidos anualmente em nosso país, 25% (um litro a cada quatro!) são descartados na rede de esgoto.
O problema é que, uma vez misturado à água, esse óleo se transforma em uma espécie de massa pegajosa, que cola nas paredes dos canos e, com o tempo, endurece e provoca entupimentos. Uma boa maneira de entender esse processo – e até de explicá-lo para as crianças – é fazendo uma analogia com o corpo humano.
Canos, veias e artérias
Guardadas as devidas proporções (e com um pouquinho de imaginação), é possível comparar as redes de água e esgotos das grandes cidades com o sistema circulatório de uma pessoa. Nas redes urbanas, parte dos canos leva água limpa (tratada e própria para o consumo) até as residências, comércio e indústria – como as nossas artérias fazem com o sangue oxigenado e filtrado, vital para nossa sobrevivência. Enquanto isso, outra parte do mesmo sistema, usando outros canos, retira desses locais a água usada e vários tipos de dejetos liquefeitos, que serão levados para estações de tratamento (para reuso da água) e/ou eliminados pelo “organismo” – mais ou menos como agem nossas veias e órgãos, como os rins, o fígado e os pulmões.
E, se no corpo humano a chamada gordura ruim pode ser a causa de doenças, na rede de esgotos também. Assim como o “mau colesterol”, que é derivado de gorduras que ingerimos, pode provocar obstruções no sistema circulatório e danos aos nossos órgãos; substâncias gordurosas como o óleo de cozinha usado podem fazer com que os canos acabem entupidos e prejudicar o funcionamento das estações de tratamento de esgoto. Isso quando não contamina, rios, lagos e o solo, causando desequilíbrio ambiental.
Prevenir é melhor que remediar
Se, no caso das pessoas, a solução para prevenir o problema está em uma dieta mais equilibrada e, quem sabe, exercícios, no do óleo usado, a resposta é o descarte apropriado – e, melhor ainda, a reciclagem. Para isso, depois que for utilizado em frituras, por exemplo, ele deve ser guardado em garrafas de plástico e, mais tarde, levado até um ponto de coleta.
Além de evitar todos os problemas mencionados neste texto, a reciclagem permite que o óleo usado seja aproveitado para várias coisas, como a produção de sabão, fertilizantes, ração e biocombustível, entre outros, gerando recursos para a indústria e, também remunerando as pessoas envolvidas em todo o processo.
Para encaminhar o óleo usado em sua casa para reciclagem, procure por serviços e organizações de coleta em sua região.
Fontes:
O prejuízo do óleo de cozinha no meio ambiente
Descarte irregular de óleo causa prejuízos à rede de esgoto
Saiba como o descarte correto do óleo de cozinha pode evitar problemas nas redes de esgoto
Coleta e destinação correta do óleo de cozinha usado traz benefícios sociais, econômicos e ambientais
O que não jogar na rede de esgoto?