A fabricante de turbinas para aviação Rolls-Royce testou com sucesso motores Trent 1000 do tipo turbofan alimentados exclusivamente com um biocombustível, produzido a partir de óleo de cozinha usado e reciclado. As novas turbinas foram instaladas em um Boeing 747 (Jumbo) que, durante quatro horas, sobrevoou os céus do Arizona e do Novo México, nos EUA, sem nenhum problema. E, melhor: com emissões de carbono cerca de 80% menores que geraria um voo comercial comum.
O chamado SAF – Sustainable Aviation Fuel, ou Combustível Sustentável para Aviação – já é usado há algum tempo nos EUA, mas sempre misturado ao QAV (querosene de aviação). A proporção pode chegar, no máximo, a 50%, nível máximo atualmente autorizado pelo órgão de regulamentação norte-americano.
O voo do Jumbo, usando exclusivamente o SAF, é um mais um passo na direção da homologação das novas turbinas, que além de menos CO2, emitem também 90% menos material particulado e eliminam totalmente a liberação de dióxido de enxofre – um dos responsáveis pela chamada chuva ácida.
Custando hoje cerca de três vezes mais caro que o derivado de petróleo, esse produto tem interessado principalmente a grandes empresas, como a Microsoft, Deloitte, Amazon e Nike. Elas veem em sua utilização uma forma de reduzir as pegadas de carbono de suas operações aéreas – além de mostrar comprometimento com o enfrentamento das mudanças climáticas. A expectativa é que, com o aumento da produção e da quantidade de aviões que possam utilizá-lo, O SAF tenha seu custo reduzido e venha a ser usado em larga escala.
A Rolls-Royce informa que, a partir de 2023, toda a sua linha de turbinas Trent será compatível com o uso de até 100% do biocombustível. Voar vai ser mais limpo e sustentável.